CONDIÇÃO DAS ALMAS PROFUNDAS E SENSÍVEIS

   A tristeza e também a revolta nascem da reflexão profunda que fazemos da vida, da sociedade, do mundo em que vivemos. Daí toda nossa humanidade, nossa humanidade que não se conforma com as mazelas que presenciamos diariamente. Toda alma sensível e profunda não deixa de experenciar a dor do mundo em toda sua vastidão e intensidade. A partir de constatações amargas que desce até o coração, o ser lança as suas críticas e sistematiza as suas amarguras em meio ao silêncio dos que nada pensam e se solidarizam. Viver com humanidade, compaixão e amor é também se indignar com o que vê e percebe; é passar por momentos onde as lágrimas traduzidas em palavras, escritas ou faladas, produzem a sua razão de ser.  Essa humanidade é também a que se expressa por meio da veia lírica captando toda a escuridão que assola a vida dos seres na terra. Nunca vi um poeta que em alguma ocasião não tenha expressado a sua dor em face das misérias e perigos que está repleta a nossa existência. Quem tem um pouco de poeta e, ademais, de amor a sabedoria, certamente sabe um pouco sobre a condição humana e do sofrimento que a acompanha, alcançando certas profundidades nos abismos da dor existencial e, portanto, universal. Eis que então surge o despertar da consciência, dessa consciência lúcida que rompe as amarras da letargia, responsável pelo desenvolvimento do saber de quem somos, do que afinal desejamos e do que cremos ou sempre esperamos.